Osvaldão, documentário dirigido a oito mãos por Ana Petta, André Michiles, Fabio Bardella e Vandré Fernandes, é um retrato do legado afetivo e histórico deixado por Osvaldo Orlando da Costa. Ele foi líder da guerrilha do Araguaia, movimento de resistência ao regime militar no Brasil nas décadas de 1960 e 1970. Apesar de seu protagonismo na luta contra a ditadura, o mineiro é praticamente ignorado pelos brasileiros.
O projeto nasceu quando Vandré Fernandes recebeu a oferta de imagens de um filme que Osvaldão fez como ator quando morava na antiga Tchecoslováquia. Eram cenas inéditas, com direito a fluência no idioma daquele país. A partir daí, Vandré reuniu a equipe e iniciou a elaboração do roteiro. “Tínhamos a marcação de que ele era um líder, um mito. Então, optamos por fazer a nossa narrativa”, explica.
Com 78 minutos, o longa apresenta um panorama cronológico do personagem. Começa em Passa Quatro, no Sul de Minas, onde ele nasceu, em 1938. Entre os entrevistados estão amigos de infância, familiares e colegas guerrilheiros. A estrutura é bastante convencional, formada por imagens de arquivo e depoimentos.
A família colaborou com cartas e fotos. Aí está outra curiosidade sobre o processo de produção do filme: na época da ditadura, o pai de Osvaldão guardou no porão todo o material sobre o filho. “Ele nunca falou sobre isso. Depois que morreu, foram reformar a casa e encontraram as fotos escondidas”, conta Fábio Bardella.
Responsável pela fotografia do longa, Bardella diz que uma das maiores dificuldades foi obter imagens de Osvaldão no Araguaia, onde o mineiro liderou o grupo de guerrilheiros do PC do B e se tornou figura lendária. Moradores lembram histórias fantásticas e contam que Osvaldão era imune a tiros e emboscadas.
O projeto original era rodar um curta-metragem sobre Osvaldo Orlando da Costa. Porém, a riqueza do material encontrado fez com que o filme chegasse a 78 minutos. Apesar da narrativa excessivamente linear, o documentário é outra bem-vinda reconstituição de um período da história do Brasil carente de registros. (Site Uai/Carolina Braga)
