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terça-feira, 23 / abril / 2024

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Economista aborda aspectos positivos e negativos da Copa para o Brasil

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A Copa do Mundo no Brasil acabou prejudicando a economia do país, a economia prejudicada afetou também o comércio, e o volume esperado de gastos dos estrangeiros durante o Mundial parece decepcionar. Os dados revelados até agora, no entanto, ainda são poucos para traçar um panorama da contribuição do evento, como explica Marcel Grillo Balassiano, da área de economia aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV. O PIB do segundo trimestre, por exemplo, só vai ser divulgado no final de agosto. É certo, no entanto, que a Copa apresentou tanto aspectos positivos quanto negativos, esclarece Balassiano.

A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) ressaltou na última semana que o cenário econômico e a Copa do Mundo prejudicaram as vendas no varejo. A Cielo, credenciadora de cartões, divulgou um levantamento nesta terça-feira (15) que indica que o tíquete médio gasto por turistas estrangeiros durante o mundial sofreu uma queda de 7,2% em relação aos cinco primeiros deste ano. Para a empresa, o motivo é a transferência dos gastos para as áreas de alimentos e bebidas, como restaurantes, onde os tíquetes médios são menores. No período, os estrangeiros gastaram R$ 241 por compra, contra a média de R$ 260 entre janeiro e maio.

De acordo com Balassiano, um aspecto negativo do evento para a economia brasileira foi a diminuição da jornada de trabalho, devido aos feriados criados para o evento. “A diferença dessa Copa para as outras é que, como essa foi realizada no Brasil, as pessoas paravam de trabalhar não somente nos jogos do Brasil, mas também nos dias de jogos nas cidades – sede. No Rio de Janeiro, por exemplo, do total de sete jogos disputados no Maracanã, três jogos foram em dias de semana, o que provocou feriados nesses dias. Isso sem contar os jogos do Brasil, que dos seis jogos disputados, cinco foram durante a semana. Com isso, a produção das fábricas e o setor de comércio foram prejudicados com esses dias a menos de trabalho.”

Um ponto positivo, no entanto, foi o estímulo sentido pelo setor de serviços, principalmente os hotéis e restaurantes, em virtude da entrada dos turistas, tanto estrangeiros quanto brasileiros), nas cidades brasileiras, lembra Balassiano.

Entre os números já disponíveis para análise, Balassiano destaca o índice de gerente de compras (PMI) do HSBC/Markit. Ele esclarece que o índice composto, que reúne o setor industrial e de serviços, mostra justamente essa contribuição dupla da Copa: um aumento modesto na atividade do setor de serviços contrabalanceada por uma queda acentuada da produção industrial. O índice ficou 49,9 em junho, próximo do 49,8 de maio. O índice abaixo de 50 indica contração da economia.

Balassiano especifica que o PMI de serviços subiu de 50,6 em maio para 51,4 em junho, um recorde de alta de seis meses, aumento atribuído ao maior volume de novos negócios. “Houve uma expansão mais acentuada nos hotéis e restaurantes – os setores mais influenciados pelos turistas que vieram para o Brasil por causa da Copa. As  empresas brasileiras de serviços, ainda segundo o relatório do HSBC / Markit, contrataram funcionários adicionais no mês passado, porém foram contrabalanceadas pela contração dos níveis de contratação do setor industrial.”

Outro dado destacado pelo economista que explica um pouco sobre o impacto da Copa do Brasil é a inflação do mês de junho, divulgada pelo IBGE. O índice aumentou 0,40% em relação ao mês anterior, o que garante uma inflação acumulada em 12 meses acima da meta, de 6,52%. A inflação de serviços ainda teve uma alta maior, de 1,1%, garantindo um acumulado de 9,2% em 12 meses. Dois itens que tiveram peso significativo para esse resultado, diz o economista, foram as passagens aéreas, que registraram alta de 21,95% na variação mensal, e os hotéis, que aumentaram 25,33%.

“Então, esses são alguns dos impactos que a Copa do Mundo teve (ou tem) na economia. Como o Brasil perdeu na semifinal, não acredito que isso terá um impacto negativo na confiança dos consumidores e empresários. Algum efeito positivo também não aconteceria, no caso de uma eventual vitória brasileira. Os problemas brasileiros, e sobretudo a falta de confiança geral (consumidores e empresários), são de outra natureza, como por exemplo o crescimento baixo, a inflação alta, as taxas de investimentos medíocres, problemas na condução da política econômica, em especial na política fiscal, ambiente de negócios adversos, entre outros”, explica.

Impacto no comércio de bens e serviços

Pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) divulgada na última semana apontou que cenário econômico e Copa do Mundo prejudicam as vendas no varejo. O indicador de vendas a prazo calculado pelo SPC Brasil e CNDL repetiu o comportamento de baixa verificado nos últimos quatro meses e recuou 2,06% no mês de junho, em relação ao mesmo período de 2013.

Na avaliação do presidente da CNDL, Roque Pellizaro Junior, a coincidência do Dia dos Namorados – a terceira melhor data em faturamento para os comerciantes – com o dia de abertura da Copa do Mundo e os feriados decretados em função do torneio afastaram os consumidores dos estabelecimentos de compras, prejudicando o desempenho das vendas

“Parcela considerável de trabalhadores foi dispensada pelas empresas no meio da tarde e algumas partidas foram realizadas no sábado, que é considerado um dos dias que mais movimentam o varejo. Além disso, o gasto do consumidor com bens de ticket médio maior, geralmente parcelados, perdeu espaço para produtos temáticos da Copa e em especial, para os alimentos e bebidas, que em geral são pagos a vista”, comenta Pellizzaro Junior.

De acordo com a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o encarecimento do crédito, a baixa confiança dos consumidores e a inflação em patamar elevado também contribuíram para o resultado. “Os dados reforçam a tendência de perda de fôlego da atividade econômica. Há queda generalizada entre os principais indicadores de confiança da economia, influenciada pelo aumento dos juros, pela inflação resistente e pelo crescimento moderado da massa salarial”, afirma Marcela.

O fraco resultado das vendas a prazo também se repetiu no consolidado do ano. No acumulado do semestre, frente à igual período de 2013, as vendas parceladas acumulam queda de 1,45%. Já na comparação mensal, em geral mais volátil, as vendas caíram 3,71% sobre o mês de maio.

Outra pesquisa das duas entidades apontou que 72% dos entrevistados tinham a intenção de assumir gastos extras durante a Copa do Mundo (pesquisa foi feita com 2.558 consumidores nas 12 cidades-sede). Levando em conta os itens mais citados da lista de intenção de compras, em primeiro lugar aparecem os refrigerantes (84%), seguidos pelos salgadinhos e tira-gostos (50%), churrasco (40%) e cervejas (39%). Os brasileiros também pretendem ter gastos extras com roupas e acessórios temáticos, como uniformes da seleção, camisas com as cores do Brasil, bonés, bandeiras, cornetas e vuvuzelas, lembrados por 45% da amostra. Em seguida, vêm os gastos com decoração (40%), apostas em bolões (29%), despesas com assinatura de TV a cabo (20%) e aquisição de novos aparelhos de TV (19%).

Na avaliação do presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, o levantamento constatou que o aumento de gastos do brasileiro no período da Copa é restrito a setores específicos da economia, como supermercados (alimentação e bebidas), serviços de bares e restaurantes e produtos temáticos.  (Jornal do Brasil)

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