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sexta-feira, 11 / outubro / 2024

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MARABÁ: Gari dos Rios na luta diária pela preservação e limpeza das águas

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Às 5h, Jefferson Vasconcelos dos Santos já está acordado. Ele toma seu café da manhã, arruma-se para o trabalho e dirige-se até as escadarias da Orla de Marabá para iniciar mais uma jornada. Jefferson é fiscal da equipe de Gari dos Rios da Prefeitura de Marabá, composta por 21 servidores que passam diariamente nos Rios Itacaiúnas e Tocantins para realizar a limpeza das praias e orlas da cidade.

“Nosso trabalho é realizado de segunda a sábado e domingo com escala, após o período do veraneio. Durante o veraneio a gente trabalha de segunda a segunda para manter nossa praia e nossos rios limpos.  Fazemos a limpeza da Praia do Tucunaré e depois a limpeza da orla, nas margens dos Rios Tocantins e Itacaiúnas, limpeza da área dos ribeirinhos atrás da Praia do Tucunaré até o Balneário das Mangueiras. Fazemos também a limpeza na Orla do Amapá”, explica Jefferson.

Ele explica que há muita variedade de lixo encontrada na cabeceira dos rios. “Fogão, geladeira, colchão. Como isso vem para dentro da água? Questiona. Mas reforça que a maior quantidade de lixo é de produtos consumidos em festas, passeios e acampamentos. “Embalagens de comida, latas e garrafas de cerveja, papel, garrafa pet. Que essas pessoas que vêm se divertir se conscientizem e tentem entender que a gente precisa se ajudar e não esperar que alguém faça por nós. A gente precisa preservar nosso meio ambiente”, pede.

Além de sujar nossas águas e prejudicar o meio ambiente, esse lixo também pode provocar acidentes.  Como aconteceu com o Gari dos Rios, Manoel dos Santos Soares, 35 anos.

“Estava de bota e tudo, mas pisei no vidro e me cortei. Mesmo de luva, às vezes ainda podemos nos cortar, recolhendo também.  A mensagem que deixo é para terem mais cuidado ao descartar o lixo”.

Ele conta que adora seu trabalho, mas que fica frustrado com o descaso da população.  “A gente limpa a beira do rio e a praia. Trabalhar com a natureza é um serviço que a gente gosta de fazer. Todo mundo aqui se dá bem. Mas é importante a população ajudar também”, conta.

Eles recolhem em torno de 300 sacos de lixo por dia que enchem cerca de três contêineres e meio, com 5m² cada, que são levados para o aterro sanitário. A equipe é dividida em quatro. Três trabalham com os barcos nas coletas. São dois barcos com 12 metros de comprimento e um motor de 13 cavalos de potência e um barco de 9 metros. Há também outra equipe que fica responsável pela limpeza dos banheiros químicos.

Rosilene Leite Furtado, 36 anos, é a única mulher da equipe e iniciou seu trabalho como Gari dos Rios há apenas 4 meses, antes ela atuava pelas ruas da cidade.  Mãe de dois filhos, ela reforça que fica feliz de trabalhar na limpeza das orlas e rios, mas fica impressionada com a demanda de lixo deixado pela população nas águas dos rios.

“A batalha é grande, porque é lixo para sair juntando e o lixo sempre vem de novo e continua. É copo, garrafa, cerveja, latinha. As pessoas vêm se divertir e sujam tudo. A gente vai ganhando o da gente pra manter o filho, o dia a dia em casa. Vem trabalhar mais animado, tem contato com natureza. Mas pede para que cuidem mais. Cada um que for para praia pegue seu saco, deixe dentro, não jogue na beira do rio, ajuda a gente”, conclama.

Os plásticos são os grandes responsáveis pela destruição da vida aquática do planeta, chegando a levar até 450 anos para sua decomposição. Uma lata de alumínio demora em torno de 200 anos e um copo de isopor 50 anos. O vidro pode chegar até mais de mil anos. O material é difícil de ser compactado, gerando um grande volume de lixo que ocupa espaço no meio ambiente, dificultando a decomposição de outros materiais orgânicos. 

Além disso, quando o plástico fica nos rios, ele se fragmenta em pequenas partículas, os chamados microplásticos, que acabam participando da cadeia alimentar, geram a morte de animais e prejudicam toda a vida em torno do rio. Quando descartado de forma incorreta, o lixo plástico também pode causar entupimentos e transbordamento das valas, bueiros e grotas e por fim provoca poluição visual.

“Não temos como estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Um dia fazemos uma parte, outro dia outra.  Mas sempre dando prioridade à praia que é um dos nossos pontos turísticos mais visitados. Muitos não respeitam, acham que temos a obrigação de limpar, sendo que poderiam facilitar nosso trabalho e nos ajudar a preservar”, reforça o fiscal Jefferson Vasconcelos. (Osvaldo Henriques / Fotos: Sara Lopes)

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