- Publicidade -spot_imgspot_imgspot_imgspot_img
- Publicidade -spot_imgspot_imgspot_imgspot_img
sexta-feira, 19 / abril / 2024

- Publicidade -spot_img
- Publicidade -spot_imgspot_imgspot_imgspot_img
- Publicidade -spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

PARÁ: Carnaval em Curuçá leva cerca de 10 mil brincantes para as ruas

Mais Lidas

Um Carnaval ecologicamente correto, para toda a família paraense com o abadá mais barato do Brasil. Esses são alguns dos principais fatores que tem atraído todos os anos milhares de foliões para curtir o Carnaval de Curuçá, município do nordeste paraense, distante 130 quilômetros da capital, com cerca de 40 mil habitantes.

O bloco “Pretinhos do Mangue”, um dos mais tradicionais do Pará, arrastou cerca de 10 mil pessoas na tarde deste domingo (6). O ritual que há 22 anos se repete, foi cumprido fielmente pelos seguidores da festa. O quesito básico para participar do bloco é não ter nojo da lama, muito menos qualquer tipo de preocupação com a aparência. Quem entra na festa, tem que estar disposto a se sujar.

A preparação começa por volta das 15 horas, em frente ao Porto Pretinhos do Mangue, que virou Patrimônio Cultural do Estado do Pará. Lá, os brincantes se concentram e começam a se lambuzar com “tijuco”, como é conhecida a lama preta dos mangues. “Não adianta se lambuzar de qualquer jeito. Tem que ter toda uma preparação. Começa pelo rosto e depois vai espalhando pelo resto do corpo até ficar completamente sujo. Só o dente pode ficar branco”, ensina Edmilson Campos, que é um dos fundadores do bloco.

Quem participa pela primeira vez da brincadeira, se depara com um certo dilema: “Estou com medo de me esfregar nessa lama e depois ficar com coceira ou sei lá. Mais eu vou ter que fazer isso. Se não é como se não tivesse vindo para o Carnaval de Curuçá”, disse a estudante carioca Márcia Santos, que trocou o Rio de Janeiro pelo carnaval de Curuçá. No final da festa, Márcia já estava coberta de lama e adorou a experiência. “As mulheres daqui de Curuçá disseram que essa lama é como se fosse um esfoliante para a pele, então está ótimo”, brincou.

Tem gente que aproveita a saída do bloco para protestar. É o caso de Antônio Conceição, 72 anos. A fantasia dele foi uma das mais irreverentes do Carnaval de Curuçá. Ele colocou vários caranguejos mortos no pescoço e segurou uma placa pedindo para que as pessoas zelassem pelo mangue. Seu Antônio, que se acostumou a pegar até 100 caranguejos por dia, diz que hoje a fartura já não existe mais. “Todos precisam ter consciência da importância que os manguezais tem para quem tem como ganha pão a venda do caranguejo”, ressaltou.

Ecológico

Todos os anos, o bloco “Pretinhos do Mangue” traz um assunto relacionado ao meio ambiente. Nesse Carnaval o tema escolhido foi a importância da reciclagem. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente promoveu uma campanha para diminuir o lixo acumulado nas ruas após a passagem dos blocos. “Vamos recolher durante todo o trajeto do bloco latinhas, copos e garrafas deixadas pelos brincantes, vamos reaproveitar e reciclar todo o material”, disse Edmilson Campos.

Durante a passagem do bloco três carros alegóricos acompanham os foliões. O carro abre-alas é um caranguejo de um metro de altura que traz em suas patas a frase “Respeito ao meio ambiente é o caminho”. O segundo carro tem a forma de uma ostra, que representa a beleza da mulher curuçaense.

Já o terceiro traz um guará uma ave ameaçada de extinção, principalmente devido à devastação dos mangues. “Por isso que eu gosto de trazer meus filhos para o Carnaval de Curuçá, porque todo ano eles ressaltam a importância do meio ambiente e trazem temas importantes”, afirmou a professora Maria Regina Soares, que estava com seus dois filhos acompanhando o bloco.

Além do abadá gratuito e 100% natural, as músicas tocadas durante o percurso do bloco são um grande diferencial. “Em Curuçá, para todo lado que tu olhas, tem beleza cultural. Neste carnaval, vamos lutar contra o aquecimento global”, dizia uma das letras das músicas cantadas pelos brincantes.

O carnaval em Curuçá conta com uma vasta programação. Ainda no domingo outros blocos que misturam o carimbó com Carnaval, completam a festa. O evento é organizado pela Prefeitura Municipal de Curuçá, com o apoio do Governo do Estado do Pará. Este ano, a Fundação Tancredo Neves – Centur, doou R$ 3 mil reais para ajudar na realização da festa. Um efetivo de 38 homens da Polícia Militar e 32 da Polícia Civil estão no local para manter a segurança dos brincantes até o final da folia. Agentes do Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran-PA), também estão no município atuando na organização do trânsito.

História

O bloco “Pretinhos do Mangue” surgiu em 1989, durante o Carnaval daquele ano, quando três amigos sem dinheiro para comprar roupas para desfilar resolveram mergulhar no manguezal e fazer da lama suas fantasias.

Na ocasião, eles perceberam a escassez de caranguejo no manguezal e aproveitaram para protestar. Ficaram famosos entre os curuçaenses. A partir do ano 2000, sob o comando de Edmilson Campos, o bloco Pretinhos do Mangue ganhou grande repercussão na mídia paraense e nacional e foi transformado em Patrimônio Cultural do Pará. Desde 2009, os atuais integrantes do grupo conseguiram elevar o bloco à categoria de ONG e desde então usam a brincadeira para trabalhar com educação ambiental. (Bruna Campos)

- Publicidade -spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

1 Comentário

- Publicidade -spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Últimas Notícias