Mais um assassinato, em Nova Ipixuna, no sudeste do Pará, acirra os ânimos dos pequenos agricultores da região. Moradores do Assentamento Agroextrativista Praialta-Piranheira, onde foram mortos na terça-feira passada os extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, encontraram na manhã deste sábado (28) o corpo do colono Eremilton Pereira dos Santos, de 25 anos. Eles avisaram uma equipe do Ibama que fazia inspeção na área e identificou o cadáver.
A Polícia Civil, que está com equipe reforçada em Marabá há cinco dias, já começou as investigações sobre a morte do agricultor. Desaparecido desde a última quinta-feira, ele foi achado às 8h30 da manhã, às margens de um lago, na área do projeto de assentamento, a cerca de 7 km do local onde os líderes Zé Cláudio e Maria foram vítimas de uma emboscada.
O cunhado de Eremilton foi ouvido em depoimento durante a tarde na sede da Seccional da Polícia Civil de Marabá pelo delegado Silvio Maués, diretor de Polícia do Interior. A testemunha afirmou que a vítima estava caída de bruços com o rosto ferido, com características de disparo de arma de fogo.
Ele contou ainda que Eremilton foi visto, pela última vez, ao sair de casa para comprar peixe, na quinta-feira. Teria deixado sua moto perto de uma fazenda. O veículo foi encontrado no local. Ainda hoje, serão ouvidos em Marabá os sogros de Eremilton. O depoimento foi acompanhado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Marabá.
“É muito cedo para vincular este episódio à morte do casal de extrativistas ocorrida esta semana na mesma área”, afirma o secretário de Segurança, Luiz Fernandes Rocha. “O momento agora é de investigação. Se existe um vínculo, ele aparecerá naturalmente no curso das apurações”, alertou.
Outra informação precipitada é a de que o colono Eremilton seria testemunha da morte do casal de extrativistas e por isso foi executado. O delegado Silvio Maués descarta essa possibilidade, até porque não houve testemunha ocular do crime de terça-feira. “Tudo será investigado”, informou Silvio Maués.
Em Nova Ipixuna, as equipes da Polícia Civil, Polícia Federal e do Ibama, em diligências no assentamento, deslocaram-se até a área para apurar o novo homicídio. Enquanto a testemunha era ouvida, policiais civis da Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá e peritos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves deslocavam-se até o local do crime para iniciar os levantamentos e proceder à perícia de local de crime.
O delegado-geral adjunto, Rilmar Firmino, coordena pessoalmente as investigações em Nova Ipixuna. Ao todo, cerca de 20 policiais civis estão em atuação na região.