Dois projetos de irrigação sobre plantações de goiaba paluma (variedade de polpa vermelha), implantados no município de Dom Eliseu, no sudeste do Pará, permitirão a colheita o ano inteiro, em vez de apenas nos meses de abril e maio. A tecnologia está sendo testada no início deste ano em duas propriedades de agricultores familiares, com o apoio do escritório local da Emater – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará.
A importância da iniciativa reside no fato de o cultivo de goiaba precisar de água constante no seu ciclo, principalmente nas fases de floração e frutificação. Por isso, sem sistemas de irrigação, a safra estadual acaba sendo colhida somente após o período chuvoso. “O objetivo é descentralizar a safra”, informa o técnico agropecuário da Emater, Raimundo Salazar.
Dom Eliseu é o município da Amazônia que mais produz goiaba, com 330 hectares plantados, incluídos os pequenos, médios e grandes produtores. Dados da Emater indicam que os 52 agricultores familiares do município cadastrados como “plantadores de goiaba” produzem mais de mil toneladas/ano. Fora da época de safra, o Pará importa a fruta de Pernambuco.
Mercado
“Além de estarmos aperfeiçoando a produção, já que a goiaba de Dom Eliseu é cultivada sob princípios de transição agroecológica, com menos agrotóxicos do que no processo convencional, a irrigação vai fazer com que os produtores paraenses atendam ao mercado local durante o ano todo. A ocasião é oportuna, também, porque o setor nordestino está em decadência devido à praga neumatóide”, explica o chefe do escritório local da Emater, o engenheiro agrônomo Oduvaldo Oliveira.
Cada sistema de irrigação custa, em média, R$ 7,5 mil por hectare. Além de o valor ser alto para as finanças de pequenos produtores, por muito tempo a goiaba não se projetava como um produto lucrativo, principalmente porque, no sudeste paraense, não havia compradores garantidos para a produção.
Com o incentivo da Emater, a comercialização foi ampliada e o produto adquiriu melhor qualidade, resultado na assinatura de contratos com as indústrias. Hoje, 80% da produção são vendidos, em média a R$ 0,55 o quilo, para duas grandes fábricas de polpa congelada de suco. Os 20% restantes se constituem em “goiaba de mesa”, com a fruta in natura sendo comercializada, em média, a R$ 1,00 o quilo nas feiras e supermercados de Dom Eliseu e municípios vizinhos, e ainda na Centrais de Abastecimento do Estado do Pará (Ceasa), em Belém. “Esses preços de venda são considerados bons; trazem real lucro para o produtor”, garante Raimundo Salazar.
Produção
Os sistemas de irrigação estão funcionando nas propriedades dos agricultores familiares Rosinaldo Pinto e Dorivaldo Lima. Rosinaldo tem um hectare com 300 goiabeiras, que rendem quase 20 toneladas de fruto/ano. Dorivaldo Lima tem dois hectares com 700 goiabeiras, dos quais colhe mais de 40 toneladas/ano.
Cada um recebeu R$ 20 mil, por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), para a construção do sistema de irrigação capaz de sustentar a produção de goiaba nos meses de pouca chuva, com a assistência técnica da Emater.
ola!muito bom trabalho de vocês,parabéns!