Abundante na região do Bico do Papagaio, o babaçu é conhecido pela versatilidade e aproveitamento, que pode ir desde o artesanato até deliciosas receitas como tortas, pães, doces e geleias.
No último sábado, 18, mais de 15 merendeiras da rede municipal de ensino do município de São Miguel, no estado do Tocantins, participaram da oficina “Culinária com os produtos do babaçu”, na Escola Municipal Turma da Mônica, no Distrito de Bela Vista.
Com a presença do nutricionista representante do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) do município, Raylan Fernandes, e da engenheira de alimentos, Patrícia de Oliveira, foram elaboradas receitas voltadas para a alimentação escolar de creches e nível infantil, com pratos balanceados à base de mesocarpo de babaçu, considerado mais rico em nutrientes quando comparado ao tradicional amido de milho.
A formação faz parte de uma luta coletiva das quebradeiras de coco babaçu para a inclusão de alimentos à base de coco babaçu na merenda escolar, projeto este que pode se concretizar a partir de 2024, tendo como pontapé inicial a parceria com o município de São Miguel.
Rozeny Batista, vice-coordenadora da Associação Regional das Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio (ASMUBIP), uma das entidades idealizadoras da oficina, explica que essa implantação, além de garantir renda para as quebradeiras, vai garantir mais saúde para as crianças e uma teia de benefícios para todas as comunidades.
“Além de estar fornecendo um produto de ótima qualidade, um produto sustentável e livre de venenos, estamos também fortalecendo as nossas quebradeiras, porque elas estão lá nas roças, nas comunidades quebrando coco, tirando a fécula e mandando para o entreposto para fabricar a farinha de mesocarpo, e isso se torna uma fonte de renda para elas. Com esse projeto só temos a ganhar: nós quebradeiras com a renda, nossos filhos que vão se alimentar bem e a comunidade como um todo. É uma cadeia incrível de benefícios!”, comemora Rozeny.
O nutricionista do município, Raylan Fernandes, acompanhou a oficina e se surpreendeu com o potencial nutricional e os sabores proporcionados pelas receitas trabalhadas, que para ele ainda eram
novidade. Ele explica que no início do ano, os pratos devem passar por uma espécie de avaliação das crianças, chamada de teste de aceitabilidade.
“Estávamos em fase de estudo para inserir o mesocarpo do babaçu na merenda escolar e a oficina veio em um momento crucial. Estamos no final de 2023 e em 2024 já vamos incrementar a merenda escolar e vamos ver como vai ser a aceitabilidade das crianças, tanto das creches, quanto das escolas. O mesocarpo é riquíssimo nutricionalmente e os pratos feitos aqui foram muito interessantes, saborosos e com certezas serão bem aceitos”, explica.
Entre as experientes merendeiras, foi unânime a surpresa ao provar os pratos que elas mesmas preparam, entre eles torta de banana, torta de frango, mingau de mesocarpo, vitamina, arroz baião de três e até biscoitos assados.
Maria Rodrigues é uma delas, merendeira no município há 23 anos, que com alegria, recebeu o certificado e agradeceu pela oportunidade.
“Todos nós aqui conhecemos quebradeiras na região, conhecemos elas e agora, fazer os pratos do babaçu foi uma alegria muito grande. Eu nunca tinha feito nenhuma comida, foi a primeira vez e foi maravilhoso. Vai ser muito bom levar isso para a merenda escolar, as nossas crianças vão se fortalecer ainda mais, crescer mais fortes e saudáveis. Foi um orgulho fazer parte desse projeto, me sinto muito honrada”.
A oficina é uma das ações do Projeto Redes de Vidas nos Babaçuais, executado pela APA-TO com o apoio do MPT-TO e PPP-ECOS, realizado em parceria com a ASMUBIP e a Prefeitura Municipal de São Miguel. (Mariana Castro)