Talvez faltem palavras para descrever a importância da final de hoje, segunda-feira, 7, no estádio Mangueirão, em Belém, entre Clube do Remo e Cametá. À primeira vista, pode até parecer exagero fazer tal afirmação. Afinal, é mais um título estadual em jogo, como ocorre ao longo dos 100 anos de disputa de Campeonato Paraense. Não é uma decisão de Campeonato Brasileiro ou vaga na próxima fase da Copa do Brasil. É apenas mais um estadual.
Mas, em um espaço de uma semana, o Brasil assistiu o Mangueirão ser duas vezes preenchido por 40 mil pessoas que defendiam uma única cor: o azul-marinho do Remo, na final do segundo turno, e o azul-celeste do Paysandu, na terceira fase da Copa do Brasil. Em uma semana, o maior público da rodada, duas vezes, veio para o mesmo lugar. Mais uma vez, imprensa esportiva se encheu de elogios aos fanáticos torcedores paraenses. Teve conhecido apresentador nacional de TV que afirmou, pelas redes sociais, que “Belém era o melhor lugar do mundo para se jogar futebol”.
Soava incoerente ser “o melhor lugar do mundo para se jogar futebol”, como times de terceira, quarta e até mesmo sem divisão nacional. Nessas horas é bom recorrer aos poemas de Carlos Drummond de Andrade. “Futebol se joga na rua, futebol se joga na alma… A bola é a mesma volúpia de chutar, na delirante Copa do Mundo ou no árido espaço do morro”. Os dois finalistas de hoje à noite, por sinal, fazem parte do grupo das agremiações paraenses que sabem muito bem o que é jogar em um “árido espaço”. São os “sem divisão do Pará”. Azulinos, dizem que, se erguerem a taça, se lembrarão dos seis meses jogando por campos de pelada do interior do estado; Cametaenses, por sua vez, afirmam que darão o primeiro grande passo para se tornarem um clube de verdade.
A quarta divisão passou ser adorada após o anúncio do custeio da competição pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Leão e Mapará veem no título do Campeonato Paraense 2012, a chance de brilhar, porque, eles sabem: talvez falte palavras para descrever a importância da partida de logo mais; contudo, sobra paixão pelo futebol.