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sábado, 27 / abril / 2024

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SÃO MIGUEL: Caravana Agroecológica potencializa o Coco Babaçu

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Sem títuloA Comunidade Olho d’Água, no município de São Miguel do Tocantins, foi a primeira visitada durante a Caravana Agroecológica e Cultural do Bico do Papagaio. Na sexta-feira, 8, foi apresentada a experiência agroecológica da unidade familiar que trabalha principalmente com coco do babaçu, típico da região. Além de caminhar por seus quintais, houve também um almoço com pratos típicos. A atividade faz parte da preparação do III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA), previsto para maio de 2014 em Juazeiro-BA.

De acordo com Cosmo Nunes da Paixão, representante da comunidade, cerca de 19 famílias moram em 43 alqueires, o que dá cerca de 190 hectares. Seus produtos, frutos de um laboratório de experimentação a céu aberto, são vendidos na feira da cidade e nos mercados institucionais.

“É importante a representatividade do consórcio, a forma da nossa convivência com a mata, cada árvore dessa tem um tempo e uma necessidade para a gente. Cada morador tem o seu quintal, mas tem um local comum. A gente não coloca veneno e adubo químico. Papai dizia que nessa terra nunca colocaríamos agrotóxicos, cerca de 14 anos ele morreu mas não acabou. Assim preservamos a água também com suas nascentes”, disse o agricultor.

O trabalho das mulheres também é muito forte na comunidade. A Associação Regional de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Bico do Papagaio (ASMUBIP), que trabalha com o Babaçu, tem cerca de 300 sócias na região. Formam as mulheres sobre seus direitos em 12 municípios, sua sede fica em Augustinópolis e possui núcleos na base. Azeite artesanal, mesocarpo, brincos e colares são alguns dos seus produtos. Recebem apoio de assessoria e técnicos de forma voluntária.

“Criar essa associação foi um ponto muito positivo, porque na época tinha muita derrubada do babaçu. Também criamos as cantinas de compras para ajudar as companheiras. Fazíamos troca do produto pela amendoa, foi um grande salto porque reduzimos a derrubada. Com a associação avançamos na formação e conscientização das mulheres, trabalhamos o protagonismo delas. Precisamos das políticas públicas, nunca chega nos pequenos essa burocracia”, disse Luzanira, coordenadora geral da ASMUBIP.

Segundo o agrônomo Fabio Pacheco, da ONG Tijupá e representante da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), a caravana faz parte da preparação do III Encontro Nacional de Agroecologia (ENA). “Em 2002 ocorreu o primeiro ENA, no Rio de Janeiro, ocasião em que discutimos a criação da ANA. O segundo foi em Recife, em 2006, e de 26 a 30 de maio será o III ENA, em Juazeiro-BA. Para chegar nesse encontro há o processo de preparação nos estados e regiões, e essa caravana é uma das etapas na Amazônia. Antes não tinha essas visitas nas comunidades, tudo faz parte das experiências. Então, houve a primeira na zona da mata mineira e estão ocorrendo outras. Servem para compreender melhor como as experiências acontecem e refleti-las no encontro”, explicou.

A experiência dessa comunidade é fruto de uma história de muita luta. Buscaram terras devolutas na região para habitar em 1958, após muitos conflitos com os fazendeiros. Foi preciso mais de dez anos de resistência para conquistar a titulação da terra. A lavoura era tradicional, mas com as dificuldades diversificaram o sistema. As lutas sindicais começaram em 1982, defendendo os trabalhadores no meio de pistoleiros. Nesse processo outras entidades foram criadas, como a APA-TO, a ASMUBIP e a federação dos trabalhadores. A preservação do meio ambiente foi se desenvolvendo nesse contexto.

Além dos frutos, leguminosas, hortas, criação de galinha e porcos, também tem muita planta medicinal no terreno, além de outros recursos naturais. “Só com as sementes crioula vai segurar, sem o tradicional estamos perdidos. Trazemos pouca comida de fora, hoje a fruta tem se destacado por conta de um período ruim para o babaçu. É preciso diversificar a produção porque o dia que alguma estiver sem valor a outra ajuda”, disse seu Cosmo.

Com o sistema de consórcio agroflorestal eles potencializam o plantio. Usam também algumas plantas para recuperação do solo, geralmente leguminosas nativas da região, que ajudam com adubo e sementes: fertilidade mais rápida que o processo natural, disse um agrônomo. Fizeram quatro tanques naturais para cultivar peixes, mas ainda estão desativados. Trabalham a roça durante um ano e deixam a terra descansando por cinco. Testam consórcios, atualmente tem cheiro verde com pimentão, pepino com macaxeira, tabaco para espantar pragas, etc. “Testo para ver se presta, você tem que ter fé no que está fazendo”, afirma Paixão.

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